A publicidade real não vive só no intervalo do Jornal Nacional
Uma reflexão para quem não está nas grandes agências.
Segunda, 02 de setembro de 2024.
Ed. 74. Ano II.
A publicidade tem vários problemas, sim. Mas um dos mais gritantes é a centralização no eixo Rio-SP. Mais especificamente, na capital paulista. Agora, não me entenda mal —não estou aqui para criticar meus amigos da publicidade de São Paulo, que enfrentam suas próprias questões nesse mercado, de fato, muito duras. Mas a verdade é que essa concentração de marcas e grandes negócios em São Paulo acaba criando uma sensação de distância para uma parte significativa da nossa categoria, especialmente para aqueles que não atuam nesse centro ou para essas grandes marcas.
Tô aqui me lembrando de uma professora minha, lá na graduação em Publicidade, em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, que sempre dizia:
“fazer chorar com [insira aqui a marca dos seus sonhos] é moleza. Quero ver emocionar, criar grandes campanhas, vendendo coxinha da asa por R$12,30 só hoje, no Dia D do frango do mercado Compre Mais”.
O que ela queria dizer, obviamente, é que não estar à frente de grandes marcas não tem a ver com a competência dos profissionais. Mas sim com as oportunidades que você teve ao longo da sua carreira. E, claro, não estou dizendo que as pessoas que estão nessas grandes empresas não conseguiriam criar para marcas menores, enfrentando os desafios diários de vendas. Mas a verdade é que, na publicidade fora do eixo, esses profissionais estão constantemente lidando com limitadores muito específicos, e isso molda a forma como trabalham.
Ao mesmo tempo que não há correlação entre só o que é premiado criativamente está em SP, logo, só os profissionais de SP são criativos. Muito pelo contrário, são as oportunidades que não extrapolam pra fora de lá (e, veja, vários dos modelos de negócio mais interessantes, apostam na descentralização como critério primeira para a criatividade, afinal, quem vai falar melhor com o público do norte e nordeste, do que profissionais de lá?)
Então, hoje, eu quero lembrar que os profissionais que trabalham com marcas do interior, em agências menores, de forma independente ou em projetos que não chegam às vitrines do mercado de São Paulo, são tão essenciais para essa indústria quanto aqueles que ocupam escritórios nos bairros mais badalados.
Para as quase 40 mil pessoas do grupo Escola Social Media no Facebook, as mais de 40 mil do grupo Entusiasta da Social Media, ou os mais de 6 mil publicitários que se formam todo ano nesse país: o trabalho de vocês (e o nosso) é vital para esta indústria.
Em uma profissão que nos exige atualizações constantes e que, muitas vezes, nos coloca diante de clientes que têm dificuldade em enxergar o valor do que fazemos, quero que você saiba que essa é uma profissão incrível. E se a publicidade é mesmo o motor que move a roda da economia (ainda que às vezes a gente não concorde com o sistema), então somos todos pistões nessa engrenagem.
NÃO ACABA AQUI.
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