Existe "falem bem ou falem mal, mas falem de mim" na publicidade?
Todo risco é um "não" para marcas. Então, quando ousamos?
Segunda, 17 de junho de 2024.
Ed. 64. Ano II.
Sempre que uma marca faz uma cagada homérica, e precisa se retratar ou algo assim, é comum você ver nos comentários pessoas menos letradas em publicidade, ou que simplesmente são usuários daquela marca, justificarem: “falem bem ou falem mal, mas falem de mim… a marca acertou em cheio, deve ter previsto que falariam mal, e alcançaram seu objetivo”. Pô, jamais.
Todo risco é um “não” pra marcas, mas especialmente, para as pessoas que trabalham nessas marcas.
Imagine que na sua mesa caiu um trampo muito legal pra você inovar pra uma grande franquia nacional de venda de óculos (inventei aqui). Você pode ir no “garantido” e fazer o padrão de toda a categoria, homens e mulheres usando óculos em uma cidade vazia e flertando entre si nuns tons P&B. OU…. você pode ir no “caprichoso”, ousar e fazer uma coisa muito louca, nunca antes vista pela categoria. Mas aí a internet reage de uma forma ruim, e pronto, todas as franquias que vendem óculos vão ver uma queda nas vendas. E ai, é culpa de quem? De quem saiu do prumo e não seguiu o caminho padrão. Né?
Essa é a explicação padrão porque a gente não ousa muito em todas as áreas da vida, não só publicidade. Caminhamos por trilhas conhecidas, porque qualquer erro, pode significar o nosso emprego logo ali na frente.
E não é só essa a razão pra não existir muito esse lance de “falem bem falem mal” na publicidade. Ter alguém falando mal significa ter que acionar um monte de gente para debater gerenciamento de crise, que é algo que a publicidade não tem como padrão. Via de regra, gerenciamento de crise é acionado QUANDO EM CRISE, mas não de forma preventiva na publicidade, então tudo que ameace essa estabilidade aí, é mais um “não” para marcas.
E eu vou além, ter alguém falando mal significa um monte de acionistas, investidores, chefes, seja quem for que detém o poder, cobrando aquelas marcas e isso vira uma cascata até chegar em quem pode menos. Então, por mais que eu entenda que parece sim um ato estratégico, dificilmente é.
Agora, não significa dizer que marcas, então, não ousam, e que não existe o risco calculado nesse mercado. De fato, existe, mas se você notar, todos os riscos calculados colocam também na balança a empregabilidade de quem sugere essas ousadias.
Porque, infelizmente, até pra ser ousado, em um mundo demarcado por relações de poder, você precisa de alguns privilégios. E eu vou encerrar com a pergunta: quem tem o privilégio de ser ousado em um mercado que frequentemente perde contas e demite por erros que pareciam boas ideias?
NÃO ACABA AQUI.
Nesta edição, além dessa modesta entrevista com esse profissional, ainda tem 7 links comentados do que de mais importante aconteceu no mercado de publicidade, pra você que não teve tempo de se atualizar. Considere assinar essa newsletter por só 5 reais por mês (uma coquinha zero).
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