O cabo de guerra nas agências
Como é trabalhar sentindo que tem dois lados apartados na história?
Você já se viu disputando com suas lideranças por algo? E parece que em todo lugar que você chega tem duas versões da história? A de quem é liderança, e a de quem é liderado? Isso não é a toa. Chama-se “relações de poder” no mundo acadêmico.
Em agências de publicidade isso aparece muito quando a base, os liderados, querem nitidamente uma coisa, e as lideranças parecem caminhar num caminho exatamente oposto à tudo isso. Está dado uma famosa sensação conhecida por cabo de guerra.
(Isso não é exclusividade de agências, você deve imaginar. Basta ter um chefe, e um liderado, que isso acontece).
Mas nessa edição eu queria falar como isso pode ser bem cruel entre essas pessoas, e porque isso acontece. Eu tava falando dia desses com uma alta liderança de agência que me relatou o seguinte:
“eu escuto muito a reclamação quando alguém sai da empresa, que não recolocamos ninguém do lugar. O que aquela pessoa não sabe é que aquela vaga já não se pagava há muito tempo”.
Veja, essa liderança tem um ponto. As pessoas (liderados) não sabem mesmo sobre essas questões, e só tem a sua versão da história. Só que o oposto também é verdadeiro. Quantas vezes a gente não ouve de lideranças
“vocês tem X pessoas nessa equipe. É só realocar essas pessoas e continuar tocando o trabalho”,
quando na verdade cada pessoa foi contratada pra uma função específica.
E aí não tem jeito, está dado o puxa daqui que eu puxo de lá. E esse é só um exemplo, tá? Eu tenho certeza que você tá ai pensando na sua situação que você cobrou sua liderança quando só tinha o seu lado. E agora eu te convido a tentar pensar: qual é a versão dele/a para essa situação?
Bom, tudo isso só pra nos levar a uma coisa. Eu sei que a gente tem workshops sobre escuta ativa. Workshops para lideranças. Comitês e grupos de trabalho entre os liderados. Tudo isso, sem dúvida, ajuda. Mas sabe onde eu acho que esbarra a maioria desses problemas, e que gera esse cabo de guerra? Transparência (a falta dela).
Se eu tivesse que apostar todas as minhas fichas em como resolver isso, é sendo transparente entre o que você como liderado ta passando. E o que você, como liderança, também está. (Ok, e uma dose de bom senso de entender o outro lado, sim).
Ou seja,
Lideranças: contem pros seus liderados a razão de não conseguir contratar mais pessoas. Mostre os números. Divida suas receitas. Falar sobre o que te aflige não te coloca vulnerável enquanto líder como te fizeram acreditar, e sim aumenta a empatia das pessoas.
Liderados: não nos tornemos aquelas pessoas rancorosas como se nossa liderança direta estivesse querendo expropriar nosso trabalho e entregar para uma grande corporação. NA IMENSA maioria das vezes, essa pessoa é só mais um trabalhador defendendo o seu ganha pão. Divida com ela o que está te pegando e o que você acha que resolveria. Se ela julgar que não é possível, pensemos em outra alternativa.
Enfim, escuta ativa, comunicação não violenta, tudo ajuda. Mas esse cabo de guerra, pra mim, só se resolve com transparência (corrigindo, só se minimiza com transparência. Afinal, relação de poder e hierarquia, infelizmente, no sistema que vivemos, sempre vai existir)
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