Segunda, 10 de maio de 2024.
Ed. 63. Ano II.
Eu já tô na oitava gravação da temporada sobre cultura de agência do podcast (estão previstas para 10). E eu dificilmente aprenderia tanto sobre o que é esse bicho papão “cultura” sem essa temporada. Tô pensando real em tentar rodar uma palestra em algumas agências contando as descobertas. Mas, como você assina aqui, eu queria dividir um aprendizado básico que tive nesses meses, conversando com lideranças sobre esse tema.
Quando eu entrei nessa temporada, eu tinha uma plena convicção que eu ia chegar numa resposta clássica: missão, visão e valores, sabe? Algo já bem definido pelo mercado, e que, em última instância, era uma decisão top-down (usando um jargão publicitariano).
Só que uma coisa me incomodava muito nessa história toda. Como a gente vendeu (e vende ainda hoje) que temos uma cultura, monolítica e central de cada empresa. Como se isso fosse algo a ser perseguido. Que todos entendam *A CULTURA* da empresa, como se fosse mesmo permitido que cultura fosse algo imputado às pessoas.
E não foi isso que eu encontrei não. Quer dizer, não foi isso que eu encontrei até os 20 primeiros minutos de cada gravação. Explico: O começo de uma gravação sempre é o que eu chamo de “assunto ensaiado” (no melhor dos usos) que é basicamente aquele papo que as pessoas meio que já sabem o que vai pro release, o que precisa ser dito. Mas depois dali, vem as respostas mais profundas (e sinceras) daquelas pessoas que pensam a cultura daquela empresa diariamente.
E aí, aquela hipótese de que a cultura é algo já definido, em crenças muito específicas, ela dá lugar a uma cultura movente, cheia de sub-culturas e muito mais rica que aquela que a gente precisa vender no release, sabe? E sério, é uma delícia ver essa conversa acontecer. Porque no release a gente precisa mesmo vender solidez, definições, estruturas. Mas depois desses 20 minutos, vem as conversas mais humanas de dúvidas, receios, incertezas sobre a cultura. (Por isso eu escolhi fazer podcast).
E tem sido delicioso ver como a cultura organizacional de um lugar, CLARO, tem sim suas crenças basilares, seus pilares definidos, afinal, você parte de algum lugar (e esse lugar, na maioria das vezes, é sim a vontade da alta liderança). AGORA, que ela é uma coisa tão viva a ponto de ser só um ideal no horizonte a ser perseguido, ao invés de essa coisa pronta e muito bem resolvida que a gente lê por aí.
Os papos mais legais que eu tive nessa temporada me ensinaram que a cultura é muito mais um estado de espírito de estar sempre em busca dessa definição de cultura, do que a cultura em si. (FAZ SENTIDO? Pô loucura isso).
Eu sei que parece uma coisa meio lacaniana maluca, mas no momento que você cravar em pedra “a cultura desta agência é essa”, você se fecha pra duas coisas muito importantes pra própria cultura: os novos inputs que novas pessoas podem trazer pra essa cultura; e a possibilidade de confrontos saudáveis entre essas sub-culturas que você acaba criando quando pessoas diferentes estão juntas.
Porque do contrário você vai tentar formatar aquelas pessoas nesses traços culturais, e não permitir que a cultura se transforme a partir daquelas próprias pessoas.
Então, da próxima vez que você ler um release de alguma empresa falando que “aqui nossa cultura é muito bem definida”, eu posso te garantir que ela está falando dos pilares centrais que definem cultura. Tudo o que circunda esse conceito, está em transformação constante, porque assim deve ser.
(E pô, encontrar pessoas nessa indústria que baixam seus escudos e falam: “eu também tô em busca dessa resposta”, é lindo demais <3)
NÃO ACABA AQUI.
Nesta edição, além dessa modesta entrevista com esse profissional, ainda tem 8 links comentados do que de mais importante aconteceu no mercado de publicidade, pra você que não teve tempo de se atualizar. Considere assinar essa newsletter por só 5 reais por mês (uma coquinha zero).
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