Segunda-feira, 17 de março de 2025.
Ed. 97. Ano III.
Há exatos 365 dias eu escrevi sobre isso por aqui. e queria retomar alguns pontos porque to vendo ainda mais essa tendência por aqui.
Por muito tempo, a régua de sucesso profissional foi clara: começar como júnior, crescer para pleno, virar sênior e, inevitavelmente, chegar à liderança. Ser chefe era visto como o auge da carreira – uma progressão natural, quase automática. Mas algo mudou. Hoje, muitos profissionais não querem ser líderes. Não porque lhes falta ambição, mas porque a ambição deles é outra.
A geração que cresceu ouvindo sobre propósito e equilíbrio entre vida pessoal e trabalho entendeu que promoção nem sempre significa evolução. E que liderar nem sempre significa fazer mais do que se gosta.
A história da carreira em Y trouxe essa bifurcação: ou você se torna especialista e segue aprofundando seu conhecimento e fazendo o que você escolheu fazer, ou vira gestor e começa a cuidar do trabalho de outras pessoas (novamente, não é regra, nem todas as pessoas da nova geração querem se manter especialistas, é só uma tendência).
Mas essa escolha não é simples assim. Infelizmente pra tomar essa decisão você precisa colocar na balança que quem opta por permanecer na área técnica, sem "subir" para um cargo de liderança, muitas vezes sente essa pressão de que está falhando. Como se a ausência do “head” ou do “diretor” no título significasse um desvio de percurso.
E aí vem a pergunta: por que ainda encaramos a decisão de não liderar como um problema? A verdade é que o mercado de trabalho foi construído com a premissa de que todos querem (ou deveriam querer) subir hierarquicamente. E quando alguém diz “não quero ser líder”, isso ainda soa estranho. Como assim você não quer gerenciar um time? Como assim você quer continuar fazendo “só” o que você faz bem? Parece acomodação, quando, na verdade, é o oposto: é convicção. É entender que crescer na carreira não precisa significar virar outra coisa.
E, sobretudo, esse julgamento do outro vem sempre carregado com um sentimento de: “como assim você não quer a mesma coisa que eu? Se todo mundo quer ser líder, porque essa pessoa não quer? Será então que eu estou escolhendo errado também?”. Então, mesmo que eu saiba que não seja simples, se você desejar e puder, se mantenha com essa convicção. Ser líder não é obrigação e precisamos (ainda mais) de bons realizadores. Se todo mundo for líder, quem será liderado?
Só que, para isso funcionar, o mercado também precisa mudar. Precisa parar de tratar liderança como único sinônimo de evolução. E, principalmente, precisa valorizar especialistas tanto quanto valoriza gestores. Por isso eu acho lindo quando descubro um especialista ganhando mais que seu gestor. Não tem a ver, lógico, com quanto aquela pessoa entrega, e nem sobre competição de salários. Mas sobre uma empresa que entendeu que o valor não está no cargo de alguém, mas o quanto valem as suas convicções.
Boa sorte e até a próxima.
NÃO ACABA AQUI.
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