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O trabalho real e o trabalho que vai pro LinkedIn

Eles nem sempre têm muito a ver um com o outro.

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Lucas Schuch
mai 05, 2025
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Segunda-feira, 05 de maio de 2025.
Ed. 103. Ano III.

Depois do último texto — em que falei sobre a carreira idealizada e a que deu pra ter— muita gente me respondeu falando sobre como se identificou e como os planos mudaram. E não só em termos práticos, mas em como a gente passou a sentir o trabalho de forma diferente. Como a gente vê nossa função. Então resolvi seguir no assunto.

Se semana passada falamos de carreira, hoje eu queria falar sobre duas versões do mesmo emprego: o trabalho real e o trabalho que vai pro LinkedIn. Porque, convenhamos, quase toda vaga parece melhor no post que no planner.

Tem uma coisa que pouca gente te conta quando você decide seguir uma carreira: você não vai fazer só o que gostaria de fazer. Não importa o cargo, o escopo ou a área. Sempre tem uma diferença entre a versão idealizada da função e a versão real dela. Às vezes porque a cultura da empresa é orgânica e fluída, e o que você assinou no papel no início vira outra coisa em três meses.

Ou àss vezes porque os processos mudam. Às vezes porque você é bom em algo que ninguém mais quer fazer. E às vezes porque… simplesmente alguém te pediu e você não teve como negar. A real é que os escopos escorrem. E tudo bem. Isso não é uma crítica. Eu sou um idealista por natureza, mas também não sou ingênuo de buscar coerência no capitalismo em 2025 rsrsrs.

Mas o ponto que mais me intriga é outro: a idealização que a gente faz sobre o nosso trabalho muitas vezes é baseada no que outras pessoas mostram — ou melhor, vendem — no LinkedIn. É o que eu chamo de "loop da inspiração enviesada". Você vê um post sobre o cargo dos sonhos. Acha que aquele trabalho é tudo aquilo que você sempre sonhou. Vai pra entrevista já visualizando a vida perfeita da pessoa que publicou aquilo. Na entrevista TAMBÉM te dizem que lá é incrível, afinal, o/a recrutador/a precisa aquela contratação. E aí… surpresa! Você descobre que o dia a dia pode ser bem mais cinza. E às vezes, bem mais solitário. E às vezes, até um cadinnn mais chato.

E isso VALE SIM pra indústria criativa. Mesmo aqui, segue sendo um trabalho de escritório. Planilha, formulário, revisão, reunião que podia ser e-mail. E-mails que PRECISAVAM ser reuniões. Aprovação que não chega. Ideias que não vão pra frente. Tudo isso também faz parte. Só que ninguém posta foto disso com 50 likes e uma thread de aprendizados.

E eu não tô cobrando que isso mude, sinceramente. Sabe aquele meme: “Ain e fora dos stories? Tu queria que eu postasse o que nos stories, meus boleto atrasado?” rsrs não, rede social tem esse romantismo mesmo.

Agora, veja: isso não quer dizer que o trabalho é ruim. Mas talvez a gente se frustre menos se parar de se basear tanto no que se vende como trabalho — e começar a conversar mais sobre o que ele é de verdade. Trocar ideia com quem já está fazendo. Perguntar como é o dia a dia, mesmo. Sem palavra da moda, sem storytelling, sem emoji de foguete. O básico: o que você faz de segunda a sexta?

Esse é meu principal aprendizado gravando o podcast com gente de todas as áreas de comunicação, e a pergunta sempre é: o que você faz no dia a dia? Porque “resolver problemas de forma criativa para grandes marcas” todo mundo dessa indústira pode dizer que faz. Mas eu quero ouvir as respostas “olha 70% do meu dia é revisar textos que vem dessa e dessa pessoa sobre esse e esse assunto”. Ainda que no linkedin eu escreva: “participei da fase final de lançamento do produto incrível olhando com atenção para cada detalhe escrito por esse time que superou minhas expectativas” 🤷‍♂️

Uma conversa faz com que pessoas baixem seus escudos e mostrem seu dia a dia. E deixe o glamour pra onde ele vai estar sempre: num post viral numa rede profissional. E além de tudo, pode te poupar de cair em mais uma vaga que só era bonita no feed.

Boa sorte por aí. Até a próxima.

NÃO ACABA AQUI.

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